Dia Internacional da Mulher

O Dia Internacional da Mulher deveria ser um dia para lembrar das conquistas e de quanto ainda estamos distantes da equidade de gênero na sociedade. Deveria ser um dia para absorvermos conteúdo, para conversarmos com outras mulheres e nos solidarizarmos umas com as outras, para irmos às ruas, para fazermos pressão política. Ao contrário do que deveria ser, o Dia Internacional da Mulher tem sido um dia tenso e cansativo.

Eu me lembro bem do 8 de março do ano passado. A pandemia ainda estava a todo vapor, e eu não saí. Recebi piadas e comentários machistas em grupos de Whatsapp. Teve mensagens do tipo, “mulher, você é guerreira, forte e linda”. Teve memes perguntando por que não tem o dia do homem (ainda bem que, pelo menos, já viraram memes). Na Dádiva, lançamos uma cerveja sobre a violência doméstica, e tinha uma tensão muito grande em cima disso, porque o assunto é bem complexo e profundo, e o medo de ter cometido algum erro, apesar de todo o preparo e cuidado, era enorme.

Neste ano, eu, que ando bem caseira, não quero ficar em casa. Eu quero me encontrar com amigas, conhecer outras mulheres, debater assuntos, ouvir perspectivas e experiências que eu desconheço. Quero compartilhar o que horas de podcasts e livros sobre o tema já me ensinaram sobre feminismo. Quero aprender o que outras mulheres estão fazendo no seu dia a dia para lutar por uma sociedade com maior equidade. Quero saber como é o trabalho das minhas amigas: elas tem um chefe ou uma chefe? A chefe delas tem filhos? Como ela lida com isso? As minhas amigas já sofreram assédio no trabalho? Elas recebem o mesmo que seus pares homens? Ainda confundem servir uma cerveja com dar em cima da pessoa? Ainda há preconceito com mulheres não poderem trabalhar na produção? Ainda acham que mulher não pode carregar uma saca de malte? Ainda? Algumas respostas eu imagino… a gente não precisa sair no dia 8 de março para saber. Mas, eu quero trocar essa ideia com elas. Saber como as coisas estão evoluindo, ou não.

Convido vocês, mulheres, a terem um Dia Internacional da Mulher de conscientização e empatia. Se você pode ir a algum ato político, vá. Se você está mais introspectiva, escolha um livro, filme ou podcast para ouvir neste dia. Evite mídias sociais. O feminismo tem tantas nuances e conhecer melhor a sua história, incluindo, principalmente, a luta de mulheres diferentes de você é importantíssimo. Se a sua vontade é encontrar gente, procure por eventos sobre o tema, ou ainda, encontre as suas próprias amigas. Nem sempre a gente sabe o que cada uma passou, e compartilhar histórias é essencial para nos fortalecermos.

Para vocês, homens, façam exatamente igual. Procurem informação, conversem com mulheres, ouçam.

Todos nós temos muito a evoluir. Estas datas são um bom momento para lembrarmos disso.