Quem inventou a cerveja, afinal?

A cerveja é considerada a bebida mais antiga a ser produzida intencionalmente pelo homem. As provas arqueológicas mais remotas datam de cerca de 10 mil a.C. na região conhecida hoje como Oriente Médio. Mas será que houve um grande inventor que nos presenteou com essa maravilha?

Na verdade, não. Não existiu um Thomas Edison porque a bebida não foi criada, e sim descoberta por acaso. No entanto, há sim uma figura de destaque nessa história: a mulher. Que tal entender como tudo isso aconteceu?

A mulher descobriu a cerveja

Desde o surgimento do Homo sapiens há 200 mil anos até o período Neolítico (entre 10 mil a.C e 3 mil a.C.), a humanidade se organizava em clãs ou tribos nômades e caçava e coletava seu alimento da natureza. Se a comida ficava escassa em uma região, esses grupos se mudavam para locais com mais abundância. Perto do fim da última era do gelo, algumas dessas tribos começaram a coletar também cereais.

A teoria mais aceita é que alguns desses grãos foram esquecidos ao tempo, molharam, talvez com uma chuva, e germinaram, secando ao sol em seguida. Numa segunda vez em que molharam, começaram a fermentar espontaneamente por ação de microrganismos presentes no próprio ar. A pergunta mais importante, então, não é como aconteceu. Mas quem teve coragem de comer aquele mingau para, enfim, descobrir que era bom!

Como cuidar da casa e dos alimentos era uma tarefa feminina, isso tudo muito provavelmente aconteceu pelas mãos das mulheres. E passou a ser tarefa delas fazer a cerveja no dia a dia.

As primeiras mestres cervejeiras do mundo

Mas não se trata aqui de uma simples tarefa, demérito ou obrigação. Para o povo da época, que ainda não conhecia os microrganismos, havia algo de mágico na transformação daquela água com cereais em cerveja. E as mulheres eram as detentoras dessa conexão divina e muito respeitadas em suas comunidades.

Uma prova disso é que uma das primeiras divindades da cereja é uma mulher. Ninkasi era a Deusa da cerveja da antiga Suméria, considerada a primeira civilização da região, tendo início perto de 4.500 a.C.

De fato, as mulheres foram mestres cervejeiras por mais tempo que os homens. Até a Idade Média, a cerveja era um produto basicamente caseiro. No século XIII na Inglaterra, as mulheres cervejeiras lideravam cerca de 90% das produções. Sabe-se disso porque havia um registro comercial, já que a elas também era dado o direito de vender o excedente, gerando renda familiar e até independência financeira. Esse foi o início de muitas tavernas e Ales Houses, que se transformaram nos pubs hoje em dia.

O protagonismo feminino na bebida só começou a desaparecer próximo ao Renascimento, que trouxe os fundamentos do capitalismo no final do século XIV. A cerveja passou a ser vista como um negócio lucrativo, entrando no “território” masculino dos negócios. Esse processo de expulsão terminaria no século XVIII, com a industrialização e a criação da produção em larga escala.

Ou seja, mesmo que não tenha havido um inventor da cerveja no sentido estrito do termo, devemos às mulheres o fato da cerveja existir hoje em dia. Então, erga um brinde e não esqueça de agradecer.