Maibock: Saiba tudo sobre a cerveja de maio

Ao longo da história, a produção de cerveja foi influenciada pelo clima. O inverno facilitava a produção em razão do frio e até da disponibilidade de gelo, enquanto o calor era problemático para a fermentação, piorando as características da bebida, até a invenção da refrigeração artificial no século XIX.

Assim, era comum que os cervejeiros produzissem em períodos frios e guardassem a bebida por períodos longos, para consumir nas outras estações. Dessa forma, surgiram diversos estilos relacionados à sazonalidade, como o Maibock.

Trata-se de uma das variações do estilo Bock. Se diferencia das demais por ser mais lupulada e de cor clara. Por isso, também é conhecida como Hell (claro, em alemão), ou Heller Bock.

A história da Maibock

As raízes do estilo Bock estão relacionadas às cervejas monásticas da Idade Média. Os monges foram os principais guardiões da cultura cervejeira nessa época. Eles eram alfabetizados e tinham acesso ao conhecimento, diferentemente da maior parte da população. Assim, conseguiram aplicar a ciência na cerveja pela primeira vez.

Eles faziam jejum do nascer ao pôr do sol durante a Quaresma. Apenas líquidos eram permitidos. Então, para se manter nutridos, desenvolveram uma cerveja com mais proteínas para suplementar a alimentação. Como? Aumentando a quantidade de malte de cevada na receita, o que também aumentava o teor alcoólico.

Essa história e tradição inspirou outros cervejeiros fora dos monastérios, que começaram a reproduzir a mesma ideia lentamente.

Tecnologias

É bom lembrar que todas as cervejas europeias eram marrons, por conta da secagem do malte. Esse processo era feito sobre o fogo direto, que tostava e torrava muitos grãos, além de promover uma defumação que trazia um sabor típico para o copo.

Os cervejeiros de Einbeck conseguiram melhorar um pouco esse processo arejando o ambiente e obtiveram maltes mais claros. Aproveitando a água menos mineral da região, obtiveram uma cerveja mais clara que as demais.

Além disso, alguns aproveitaram os ensinamentos dos monges, elaborando uma versão mais potente no inverno, que era bebida apenas na primavera, a Maibock. Mais clara, de fato, mas ainda muito longe do dourado de hoje em dia.

Finalmente dourada

É um tanto incerto quando e onde, exatamente, a Maibock atingiu a cor dourada. Sabe-se, apenas, que foi após a invenção da cerveja Pilsen, a primeira a usar maltes de fato bem claros, na República Tcheca.

Para concorrer com a versão tcheca, os alemães produziram o estilo German Pils, em 1870, aproveitando que a água menos mineral de algumas regiões favorece cores mais claras. Já os bávaros de Munique precisaram aprender a tratar a água muito mineral da região para chegar nessas cores. O que só ocorreu a partir de 1892, com a Munich Helles da cervejaria Spaten.

Ou seja, de certa forma, a Maibock é, ao mesmo tempo, uma das mais antigas e mais modernas cervejas da tradição alemã.

O que beber

São poucas as cervejas do estilo Maibock no Brasil. Muitas delas chegam ao mercado apenas no início da primavera ou em maio, como determina a tradição. Uma ótima pedida é a Bamberg Maibaum, produzida pela cervejaria de Votorantim, cidade da região de Sorocaba (SP).

Já a cerveja Cathedral, de Maringá (PR), também é um ótimo exemplar, premiado diversas vezes em concursos. A Einbecker Ur-Bock Hell é uma cerveja alemã da cidade de Einbeck que, por muito tempo, foi a referência aqui no Brasil, mas deixou de ser importada. Outras boas pedidas são a Urwald Helles Bock e Zhen Bier Heller Bock.