Como fazer degustação vertical de cervejas

Degustar cerveja é beber prestando atenção nos detalhes do líquido que está no seu copo. A aparência, o aroma e o sabor têm muitas nuances e, quando nos atentamos a isso, tudo fica ainda mais prazeroso. A complexidade da bebida pode vir do malte, do lúpulo, da fermentação ou mesmo do tempo.

Em geral, a cerveja é uma bebida para ser consumida fresca. Grande parte do esforço de envase, estocagem e serviço é justamente para manter os aromas e sabores da forma mais parecida possível com sua fabricação. No entanto, existem exceções. Há rótulos que ganham complexidade com o envelhecimento. São as cervejas de guarda.

Cervejas de guarda

Elas normalmente são mais alcoólicas (acima de 7% ou 8%), em geral, escuras e demoram mais para dar sinais de deterioração. Enquanto isso não acontece, elas vão ganhando características positivas das transformações físico-químicas e, algumas vezes, até microbiológicas que acontecem dentro da garrafa.

São aromas e sabores transformados do álcool, que passa a ser mais amendoado, por exemplo, ou das características frutadas, que por vezes lembram frutas vermelhas, como a cereja.

Degustação vertical

Uma boa forma de aproveitar o potencial de cervejas de guarda é a chamada degustação vertical. Nela, provamos a mesma cerveja envelhecida por tempos diferentes, que podem ser meses ou até anos.

Para fazer esse tipo de análise, o primeiro passo é ter as cervejas necessárias. Dê preferência para estilos robustos, como Barley Wine, Russian Imperial Stout e Dark Strong Ale, por exemplo. Podem ser duas ou mais, adquiridas no momento ou guardadas por você mesmo com os devidos cuidados.

Nesse caso, muitas vezes, ignoramos o prazo de validade, envelhecendo as cervejas em locais frescos (entre 8ºC e 18ºC), abrigados da luz solar e com as garrafas na vertical.

Mise en place

O segundo passo é preparar todos os materiais necessários para a boa degustação. Além das cervejas geladas em temperaturas adequadas, é preciso ter abridores, panos de serviço, copos e taças dos formatos corretos, além de outros itens conforme o caso.

Em especial, vale atenção à limpeza dos copos. Afinal, você não vai servir uma cerveja envelhecida por muitos anos em um copo sujo e correr o risco de ter o sabor modificado por conta disso, não é mesmo?

Lave bem, por dentro, por fora e nas bordas, com uma espoja dedicada para copos e, se necessário, use uma escova para chegar até o fundo deles. Enxágue muito bem, pois restos de detergente também podem interferir negativamente. Deixe escorrer em locais arejados e longe de outros odores.

Serviço

Feito isso, sirva uma por uma, sempre com as cervejas mais jovens primeiro. O ideal é que a primeira esteja fresca, para servir de base para comparação das amostras. Em seguida, coloque a segunda amostra, deguste e compare. E, assim, sucessivamente até a última. Evite beber toda a cerveja nesse momento.

Ao fim, você terá todas as amostras servidas. Compare a primeira e a última para entender a evolução completa da cerveja, e outras que achar necessário. Também vale fazer uma votação entre os amigos que participaram da experiência para eleger a melhor.

Tenha em mente que a melhor não necessariamente é a última, mais envelhecida. Mesmo as cervejas de guarda têm limites. Quando as características negativas começam a superar as positivas, é sinal de que a cerveja “passou do ponto” do envelhecimento ideal.