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Amburana: a riqueza da madeira brasileira na cerveja
Em 01/10/2021 às 14h43.

Amburana: a riqueza da madeira brasileira na cerveja

A utilização da Amburana na maturação de cervejas é algo recente e intimamente ligado à busca de experimentação de cervejarias artesanais.

Felipe Freitas
Por Felipe Freitas, cervejar.com
Engenheiro Químico e Sommelier de Cerveja

“Amburana” provavelmente é uma palavra conhecida por pessoas que apreciam a cachaça, o destilado que acompanha a história do Brasil e cuja a madeira dessa árvore de mesmo nome é uma das mais utilizadas para o envelhecimento da bebida.

Uma coisa que talvez nem todos saibam é que a amburana também tem ganhado um grande destaque para a produção de cervejas que utilizam a sua madeira para o processo de maturação.

A Amburana é uma árvore nativa do sertão nordestino, mais especificamente originada em Juazeiro do Norte, no Ceará. Suas sementes são utilizadas comercialmente na perfumaria e a madeira é empregada na carpintaria e também no envelhecimento de cachaças.

A sua utilização na maturação de cervejas é algo recente e intimamente ligado à busca de experimentação de cervejarias artesanais que, na procura por insumos que valorizam a cerveja, exercitam sua criatividade também com madeiras.

Com isso, estilos de cervejas adequados permanecem dentro de barris ou com pedaços de amburana imersos na bebida, utilizando técnicas apropriadas para que aromas e sabores característicos da madeira enriqueçam o perfil da cerveja.

A utilização de amburana na cerveja traz sabores que remetem ao coco, à pimenta, à baunilha e à canela, todos vindos de características sensoriais ligados à madeira.

Reconhecimento da amburana na cerveja já chegou ao mercado internacional

A cervejaria relacionada ao início da valorização da Amburana na cerveja é a paranaense Way Beer, que produziu a primeira cerveja comercial a se destacar pelo sensorial que a madeira oferece.

No ano de 2010, a Way lançou a sua Amburana Lager que ganhou reconhecimento internacional ao ser mencionada pelo escritor canadense Stephen Beaumont num livro em que comentava sobre cervejas que estavam sendo produzidas no mundo.

Após isso, diversas competições nacionais fizeram com que  juízes de fora do Brasil descobrissem o potencial e a singularidade do uso de amburana para o envelhecimento de cervejas, fazendo com que seu reconhecimento ganhasse repercussão nos Estados Unidos, a meca da cerveja artesanal.

Em 2019, a categoria de cervejas envelhecidas em madeira do Great American Beer Festival, maior competição de cervejas dos EUA, teve como medalha de ouro a 70K Amburana, uma Imperial Milk Stout que utilizou amburana entre as madeiras de sua maturação, produzida pela cervejaria Against the Grain do Kentucky.

A utilização de amburana circulou por diversas cervejarias americanas chamando atenção pela peculiaridade de características que ela agrega à bebida.

A Amburana é apenas um dos exemplos de como a diversidade e riqueza da natureza brasileira oferece oportunidades para a criação de cervejas diferenciadas e ainda há muitos caminhos a serem explorados nessa direção.

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