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Tipos de cerveja: o que são estilos, afinal?
Em 14/08/2023 às 11h30.

Tipos de cerveja: o que são estilos, afinal?

Estilos ou tipos de cerveja são uma forma de classificação que considera características sensoriais, de produção e histórico-culturais.

Luis Celso Jr.
Por Luis Celso Jr., cervejar.com
Jornalista e Sommelier de cerveja

O universo da cerveja é amplo e muito antigo. Trata-se de uma bebida com séculos de história, que nasceu há mais de 10 mil anos, se espalhou pelo mundo e floresceu em diversos país e culturas diferentes. Cada uma delas adaptou a forma de fazer a bebida de um jeito diferente, com os insumos e técnicas de produção que possuíam. E isso deu origem a variações, a diferentes tipos de cerveja, o que chamamos de estilos no jargão cervejeiro.

Eles são uma forma de classificação que leva em consideração características sensoriais, de produção e histórico-culturais. Trata-se do agrupamento por semelhança das cervejas produzidas numa determinada região ou país. É algo semelhante à classificação de gêneros na literatura ou no cinema. Apesar de todos serem de uma mesma categoria ampla — são textos escritos de ficção ou filmes, por exemplo — contos diferem de cônicas, que por sua vez são diferentes de romances. Da mesma forma como filmes de ação não são iguais a comédias.

Assim, todas as cervejas avermelhadas, com aromas e sabores maltados, lembrando caramelo, tostado, amendoado ou toffee, com dulçor de leve a médio, amargor baixo e corpo médio produzidos na Irlanda a partir do século XIX foram chamadas de Irish Red Ale. O que as diferenciava, por exemplo, das cervejas de cor preta da mesma região, feitas com maltes torrados, lembrando café intenso, chocolate amargo e cacau, de corpo baixo, amargor moderado e final seco, chamadas de Irish Dry Stout.

Nesse caso acima, fica evidente que, apesar da mesma localidade, há diferenças sensoriais grandes entre esses dois tipos de cerveja como a cor, a relação entre dulçor e amargor, o corpo e assim por diante. Mas há casos em que o perfil sensorial é semelhante e é a origem que muda, alterando mais ou menos as características sensoriais. O estilo American Red Ale, que foi criado na década de 1980 nos Estados Unidos, foi inspirado no Irish Red Ale descrito anteriormente. Mas traz uma camada de aroma e sabor lúpulos americanos, com notas frutadas, cítricas ou resinosas, de forma destacada, mas ainda menos intensa que a camada do malte, além de final mais seco e amargor mais acentuado.

Hoje existem entre 120 e 160 estilos de cerveja no mundo catalogados em alguns guias de estilos. Os mais famosos são os materiais do Beer Judge Certification Program (BJCP), uma organização americana sem fins lucrativos que se decida a formar juízes para concursos de cerveja, e da Brewers Association, que é associação das micro-cervejarias norte-americanas.

Variações

Não são só as diferenças de origem que mudam os estilos. Como as questões histórico-culturais são muitas e muito variadas, inúmeros fatores influenciaram a criação e as características dos tipos de cerveja, como fatores religiosos, políticos e legais, sazonalidade, datas comemorativas e muitos outros.

A Doppelbock é uma cerveja ainda mais intensa que a Bock, já considerada mais alcoólica, encorpada e que o normal. Ambas lembram notas tostadas, caramelo e castanhas. A primeira Doppelbock foi a Paulaner Salvator, uma cerveja que nasceu no mosteiro da Ordem dos Paulinos em Munique, na parte Sul da Alemanha. Seus registros de produção mais antigos são de 1634, quando os monges faziam uma cerveja muito potente para servir de sustento durante a quaresma, período em que jejuavam durante o dia sendo permita apenas a ingestão de líquidos. O estilo mantém essas características de intensidade até hoje.

Já na origem do estilo Märzen o que está no centro da questão é a sazonalidade e o fator legal. A Lei da Pureza da cerveja alemã não foi a única legislação sobre o produto a entrar em vigor no começo do século XVI na Baviera. Um decreto forçava a cervejaria a interromper as atividades em março, início da primavera, que seriam retomadas apenas em outubro, começo do outono. Isso porque a cerveja feita nas estações mais quentes do ano era considerada de pior qualidade. Antes de fechar, para não perder a matéria-prima estocada, as cervejarias faziam uma cerveja mais intensa usando o restante dos ingredientes disponíveis. Ela foi batizada de Märzenbier (cerveja de março) e ficava guardada em caves frias até outubro, quando era a primeira a ser aberta para comemorar a volta da temporada cervejeira.

Para que servem os tipos de cerveja

A grande pergunta que fica, então, é para que servem esses tais estilos de cerveja? A ideia principal é facilitar a comunicação. Se não existissem os estilos, toda a vez que um cliente fosse pedir uma cerveja em um bar ele teria que descrevê-la, explicando a aparência, aromas ou sabores da bebida. Seria algo como: “eu queria aquela cerveja de trigo alemã, que é servida naquela copo grandão, que é turva, lembra banana e cravo, meio adocicada e encorpada”. Em vez disso, usando os estilos para sintetizar essa ideia: “uma Weizenbier, por favor”.

Esse tipo de conceituação permite que ideias sejam trocadas com muito mais facilidade. Assim, clientes e bares se entendem melhor, bem como a comunicação entre estabelecimentos e cervejarias se dá mais facilmente. Isso também serve para que diferentes cervejeiros que discutam uma receita de cerveja, por exemplo.

Eles também balizam os concursos de cerveja, que são competições onde juízes avaliam e premiam as melhores amostras de cada estilo. Nese caso, os tipos de cerveja são utilizados como parâmetros de avaliação. Ou seja, ganha a melhor nota aquela cerveja que mais se aproximar da descrição do estilo.

Agora que você já entendeu o que é um estilo de cerveja, quais são os seus favoritos?

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