MBeer Contest mostra retrato do mercado cervejeiro ao longo dos anos
Com dez edições já realizadas, o Mondial de La Bière acompanha os movimentos da cerveja no Brasil e antecipa tendências.
Os concursos cervejeiros são uma forma de valorizar a qualidade da cerveja premiando os mais destacados produtores pelo seu mérito técnico. No entanto, podem significar muito mais. O MBeer Contest, o concurso do Mondial de La Bière, se mostrou um ótimo retrato do momento do mercado cervejeiro brasileiro ao longo do tempo. E podemos notar isso com clareza ao se analisar a premiação de cada ano.
Na primeira edição, em 2013, o Brasil começava a ver seus primeiros concursos nacionais de cervejas profissionais, e tinha menos de 200 cervejarias, segundo números do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Em um mercado novo, mas muito promissor, o MBeer Contest ajudou a mostrar quem seriam os destaques dos próximos anos.
A premiação ajudou a consagrar cervejarias hoje amplamente reconhecidas. A mineira Wäls levou cinco medalhas ao todo; a Bodebrown faturou quatro. Aliás, a cervejaria curitibana é a maior premiada se somarmos todas as edições do concurso: 13 medalhas, sendo uma de platina.
Ao todo, foram distribuídas 13 medalhas de ouro e duas de platina para a Russian Imperial Stouts, uma sem e outra com madeira: Wäls Petroleum e Colorado Ithaca Oak Aged – que mudou de nome para Guanabara Wood Aged, e se tornou o rótulo mais premiado do concurso com quatro medalhas, sendo duas de platina – a mais alta condecoração.
Em 2014, foram 16 medalhas, sendo duas de platina. Assim como em 2013, foram premiados rótulos que, em grande parte, representavam estilos clássicos das quatro grandes escolas cervejeiras. Nos dois anos, foram premiadas quatro cervejas de tradição belga e duas alemãs.
Mas, o ano da Copa do Mundo no Brasil trouxe um indício do sucesso das cervejas lupuladas, que viria nos próximos anos, premiando sete rótulos que podem ser considerados “hoppy beers”.
Transformação
Os três anos seguintes, de 2015 a 2017, marcam uma transição importante. O mercado começou a valorizar cervejas de estilos mais modernos e, principalmente, da escola norte-americana.
Em 2015, pela primeira vez, não houve nenhuma Lager entre as premiadas. A platina e os três ouros ficaram com cervejas maturadas em madeira, antecipando a tendência dos anos seguintes.
Em 2016, das 14 medalhas, oito podem ser consideradas de estilos da escola americana. Foi nesse ano também que uma NE IPA foi premiada pela primeira vez, a Overhop Hazy.
No fim de 2017, a tendência das cervejas em madeira chegava ao seu ápice. E no MBeer Contest, cinco cervejas desse tipo seriam premiadas, incluindo duas com platina (Guanabara e Noi Passione).
Além disso, foi condecorada a primeira Pastry Beer, cerveja que simula uma sobremesa, que despontaria nos anos seguintes. Além disso, receberam medalhas as três primeiras Sours.
Consolidação
Nos dois anos seguintes, foram realizadas edições do Mondial de La Bière no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em 2018, na capital fluminense, o destaque foi para as cervejas em madeira e as cervejas ácidas. Já a capital paulista mostrava a potência das suas NE IPAs.
Tanto 2018 quanto 2019, no Rio e em São Paulo, tiveram suas quatro medalhas de platina dedicadas a Russian Imperial Stouts com frutas, sendo que três delas tinham adição de lactose na receita.
Após a interrupção de um ano, em razão da Covid-19, o concurso voltou em 2021, mostrando o ápice da tendência das Sours. Entre as doze premiadas, sete foram cervejas ácidas, sendo duas delas declaradamente Catharina Sours.