Cerveja em pó? Inovações no formato da cerveja podem beneficiar até o meio ambiente
Diminuição da pegada de carbono e dos custos com transporte estão entre os benefícios das cervejas concentradas; conheça algumas iniciativas.
Cerveja em pó parece até pegadinha de 1° de abril. E, de fato, foi. Em 2019, a marca Kingfisher, pertencente à United Brewers, maior grupo cervejeiro da Índia, fez uma campanha promovendo o lançamento da sua cerveja instantânea. Após mais de um milhão de acessos no site, a cervejaria admitiu ser tudo uma piada.
No entanto, no início deste ano, a cervejaria alemã Klosterbrauerei Neuzelle anunciou a primeira cerveja em pó do mundo. E desta vez é verdade. A bebida foi feita em forma de um granulado solúvel em água e que pode ser armazenado em pequenas embalagens individuais.
Porém, a cerveja em pó da marca alemã é apenas uma das muitas pesquisas e experiências que envolvem a transformação do formato da cerveja. E todas elas têm um grande alvo em comum: a diminuição das emissões de carbono relacionada ao transporte da cerveja e seus custos.
Cerveja em pó?
A cerveja em pó, ainda em teste, é chamada provisoriamente de “dryest beer”. Trata-se de uma Pilsen, que tem mesmo sabor de cerveja, segundo o fabricante. É também sem álcool, por enquanto, mas já está nos planos o desenvolvimento da versão tradicional.
O principal benefício de tudo isso, no entanto, está fora do copo. É logístico. A cerveja é composta de aproximadamente 90% de água e bilhões de litros são transportados em todo o mundo, causando um grande impacto ambiental.
Stefan Fritsche, diretor da cervejaria, estima que é possível diminuir de 3% a 5% das emissões de carbono somente na Alemanha otimizando o transporte. Isso sem falar na economia gerada a partir dos menores custos nessa área, no armazenamento e mesmo no envase do produto.
Além da Pilsen, já existe uma cerveja do estilo Bock sendo desenvolvida em pó pela cervejaria.
Magic Booze brasileiro
O Brasil também já teve sua cerveja “instantânea”. A Cervejaria Pratinha, de Ribeirão Preto (SP), lançou a Magic Booze, no Mondial de La Bière, em 2019. Ela não era em pó, mas em formato de um líquido superconcentrado. Bastava adicionar o conteúdo de do sachê, em um copo de água com gás, e a cerveja estava pronta para beber.
Segundo o produtor, a tecnologia foi desenvolvida no próprio laboratório de inovações, chamado de Beer Hack Lab, e demandou um investimento de R$ 9 milhões. A cerveja chegou a ser comercializada, mas não está mais disponível.
Cerveja concentrada
E não para por aí. Laboratórios ao redor do mundo estão apostando em tecnologias de concentração da cerveja. Segundo artigo da revista Scientific American, duas delas se destacam: a BrewVo, do Sustainable Beverage Technologies; e a Revos, da empresa sueca Alfa Laval.
Essas inovações podem, de fato melhorar, o meio ambiente, tornando a cadeia produtiva da cerveja mais eficiente. E há algo essencial nessa fórmula. O benefício para a natureza vem acompanhado de uma diminuição de custos, um grande incentivo em um mercado tão competitivo.
Porém, o meio cervejeiro é resistente a mudanças. Resta saber se o mercado está preparado e quanto tempo demorará para a cerveja concentrada fazer parte do cotidiano das fábricas. E, talvez, o meio ambiente não tenha tempo pra esperar tanto.