Por que IPAs são (e continuarão sendo) um grande assunto na cerveja artesanal?
O crescimento das IPAs está ligado a uma série de fatores que tem alavancado seu consumo. Entenda melhor.
Nas últimas décadas, as IPAs se tornaram cada vez mais populares no mundo graças à explosão de consumidores de cerveja artesanal iniciada nos Estados Unidos, algo relativamente novo no mercado de cervejas.
As IPAs nem sempre foram responsáveis por compor praticamente uma subcategoria dentro do mercado de cervejas artesanais, mas seu crescimento está ligado a uma série de fatores que tem alavancado seu consumo.
Apesar da história do estilo ter sua origem no final do século 18, dentro da Inglaterra, a sua transformação num ícone da cerveja artesanal ocorreu nos Estados Unidos em meados dos anos 1990. Foi nessa época que o estilo começou a ganhar ramificações, algumas delas que tornaram o amargor e o aroma vindos do lúpulo cada vez mais intensos, e as IPAs começaram a criar um número cada vez maior de fãs que reconheciam e apreciavam essas características.
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Tudo isso foi turbinado por estratégias de marketing que ressaltaram uma espécie de poder e rebeldia associados à capacidade do lúpulo em tornar a cerveja amarga, o que passou a criar uma certa mística ao redor do estilo.
De lá até hoje, o movimento da cerveja artesanal tem se espalhado por diversos países e junto com ele a febre pelas IPAs. Suas ramificações se multiplicaram por diversos caminhos: Fruit IPAs, Smash IPAs, Sour IPAs, Session IPAs, Belgian IPAs, Milkshake IPAs e dezenas de outros que prometem levar as IPAs para explorar caminhos novos e interessantes para seus bebedores.
Um nicho recente da família das IPAs, mas que construiu praticamente uma cultura própria, é o das chamadas New England IPAs ou Hazy IPAs. Esse tipo de IPA, de cor opaca e de aroma intenso, devido à utilização de quantidades massivas de lúpulo, supostamente ganhou seu primeiro exemplar em 2004 na região de New England, nos EUA.
Após isso, ao longo dos últimos 10 anos, as cervejarias que focam num público mais aficionado por cervejas artesanais precisam contar com séries de New England IPAs como a maior parte de seu portfólio.
Mas por que tanta repercussão?
Como todo fenômeno, não existe uma só resposta que explique por completo o ocorrido, mas há um grupo de variáveis que ajudam a revelar toda a agitação provocada pelas IPAs. Em primeiro lugar, e especificamente em se tratando do público brasileiro, IPA é um nome curto (na verdade é uma sigla de Indian Pale Ale), o que torna fácil de lembrar e falar. Ao mesmo tempo, as características que o lúpulo empresta à cerveja não são complicadas de se perceber, sejam elas apreciadas ou não pelo público.
A fragmentação das IPAS em diferentes subdivisões fez com que ela desenvolvesse apelo para diferentes públicos, os que buscam cervejas com lúpulos mais exóticos, os que gostam de IPAs mais alcoólicas e também os que preferem doses menores de amargor em cervejas mais leves e refrescantes.
Com toda essa amplitude desenvolvida, foi criada uma quantidade significativa de IPAs que são mais acessíveis a uma parcela maior do público por apresentar um perfil distante daquele apreciado por fãs mais experimentados no universo das cervejas artesanais, o que tem conferido ao estilo cada vez mais popularidade.
Esse cenário acaba por fazer com que as cervejarias se sintam quase que obrigadas a investir cada vez mais em IPAs, já que a busca quase que automática pelo estilo facilita o trabalho das vendas. Por outro lado, isso acaba retirando oportunidade e espaço para que outros estilos de cerveja cheguem até o conhecimento do público, criando um dilema que está sempre rondando a cabeça dos fabricantes de cerveja artesanal.
O certo é que a cultura já criada pelas IPAs continuará se fortalecendo, baseada na gama de possibilidades que ela oferece e na sua capacidade de atrair e conquistar consumidores com suas características marcantes.