Lúpulo Brasileiro: da incredulidade ao início da caminhada
Pesquisadores têm somado esforços buscando o desenvolvimento de técnicas de adaptação do Lúpulo e do seu cultivo a diferentes locais do Brasil.
Lúpulo, uma planta que nos últimos anos se tornou cada vez mais conhecida e cultuada no Brasil com o crescimento de cervejarias artesanais e aumento do entendimento do público sobre as características desse ingrediente cervejeiro e a beleza de seu cultivo.
O lúpulo é uma erva cultivada, principalmente, no hemisfério Norte, onde ele encontra as condições adequadas para seu desenvolvimento e 98% de sua produção é destinada à fabricação de cerveja, onde é responsável pelo amargor, contribui para o aroma e, além disso, também funciona como um conservante natural.
Essa planta necessita de baixas temperaturas e ao mesmo tempo uma grande quantidade de luz solar para que ocorra sua floração, sendo necessário que ela receba cerca de 10 a 15 horas por dia de luz. Por isso, sempre foi recomendado que o lúpulo fosse cultivado entre 35° e 55° de latitude norte ou sul do planeta, onde essas características climáticas são encontradas.
Essa restrição geográfica sempre deixou o Brasil de fora quando se pensava na possibilidade de cultivo de lúpulo no país. No entanto, nos últimos anos, uma série de pesquisadores e agricultores têm começado a mudar isso.
O começo da jornada brasileira
O Brasil, apesar de estar entre os três maiores fabricantes de cerveja do mundo, atrás apenas de China e Estados Unidos, depende quase que exclusivamente de lúpulo importado para sua produção cervejeira.
Numa combinação de paixão pela planta com desenvolvimento tecnológico, o cultivo de lúpulo pelo Brasil tem florescido nos últimos anos. De inexistente até 2010, atualmente, o país já conta com 160 produtores de lúpulo, em diferentes regiões como o sul e o centro-oeste, de acordo com a Aprolúpulo, associação dedicada aos produtores nacionais.
Os primeiros produtores brasileiros contavam apenas com paixão, vontade e insistência, contrariando as avaliações que desde sempre disseram que seria impossível esse cultivo agrícola se adaptar ao Brasil.
Mais recentemente, uma série de pesquisadores e especialistas têm se somado a esses esforços buscando o desenvolvimento de técnicas de adaptação da planta e do seu cultivo a diferentes locais do país onde há maiores chances da produção de lúpulo obter sucesso.
Uma dessas técnicas consiste na utilização de iluminação artificial na plantação para estender os períodos de luz ao longo do dia. Dessa forma, esses campos de cultivo se aproximam das características de ambiente das regiões produtoras de lúpulo em outros lugares do planeta.
Ainda que de pequena escala, a produção de lúpulo no Brasil entre 2019 e 2020 mais que dobrou em área cultivada atingindo 42 hectares. Além disso, apesar de estar longe da produtividade de 800 gramas de cone seco por planta, obtido em regiões de referência como EUA e Alemanha, produtores brasileiros têm aumentado esse indicador e alguns já atingem 500 gramas de cone seco por planta com lúpulo de boa qualidade.
A história do lúpulo brasileiro ainda está no seu capítulo de início, mas já venceu a incredulidade daqueles que o consideravam impossível e aponta para um futuro cheio de cervejas com sabores e aromas a serem descobertos e valorizados.