O que é uma cerveja boa? E uma cerveja ruim?
A internet está repleta de rankings que elegem as melhores e as piores cervejas; mas afinal, como identificar se a bebida é boa ou ruim para além do seu gosto pessoal?
Faz parte da natureza humana rotular e avaliar coisas. Fazemos isso frequentemente com produtos, comidas e bebidas. E não seria diferente com a cerveja. Fóruns, sites e aplicativos avaliam e dão notas para cervejas no mundo tudo.
O Beer Advocate é um dos sites norte-americanos mais tradicionais nessa área. No início do ano, os usuários do portal elegeram as 10 piores cervejas do mundo. Mas, afinal, o que é de fato uma cerveja boa ou uma cerveja ruim?
Uma boa olhada na lista pode nos ajudar a entender melhor a confusão. A maioria das cervejas citadas são grandes marcas populares. Isso acontece não só porque esses meios de avaliação são usados basicamente por cervejeiros inveterados, mas também porque há uma mistura entre o que é gosto pessoal e o que é critério de qualidade.
Cerveja boa e cerveja ruim
É claro que gosto pessoal é válido. No entanto, quando falamos em avaliar a qualidade de uma cerveja de forma mais objetiva, precisamos ter critérios mais sólidos e que não dependam apenas de uma opinião.
Uma avaliação técnica de cerveja pode considerar diferentes parâmetros. Normalmente, eles dizem respeito à adequação do produto ao seu projeto, à estabilidade das características no tempo e à reprodutibilidade em diferentes fabricações.
No primeiro caso, uma cerveja boa é aquela que segue, na prática, o que foi projetado na teoria. Ou seja, se ela atingiu seu formato ideal, cor, brilho, espuma, aromas e sabores.
Isso é uma questão porque não é fácil chegar em determinados resultados que inicialmente só existem no mundo das ideias. Fazer uma Pilsen chegar nos aromas e sabores que aquela cerveja deveria ter exige muita técnica e experiência dos cervejeiros.
Estabilidade e reprodutibilidade
Já a manutenção dessas características ao longo da validade do produto é outro grande desafio, uma vez que a cerveja é um produto orgânico e se deteriora naturalmente. Além disso, ela também é suscetível a diversas interferências, externas e internas, que podem causar alterações ao longo do tempo.
Assim, enquanto uma cerveja boa mantém seu aroma e sabor até seu vencimento (o que é chamado de estabilidade sensorial), por exemplo, uma cerveja ruim pode perder isso tudo muito rapidamente. O mesmo acontece com a espuma ou aparência (estabilidade coloidal).
Isso para não falar da estabilidade microbiológica. Uma cerveja ruim nesse aspecto é aquela que apresenta algum tipo de contaminação por microrganismos estranhos. Ela pode ter sofrido esse contato durante a fabricação por falta de cuidado, higiene ou por não terem sido tomadas providências para eliminá-los durante o processo. Por outro lado, uma fabricação criteriosa pode impedir contaminações e manter o produto em condições de consumo até a validade estipulada pela própria cervejaria.
Por fim, pode-se falar também em reprodutibilidade do processo de fabricação. Afinal, quando o consumidor compra uma cerveja que já consumiu e gostou, espera receber as mesmas qualidades, o mesmo aroma e sabor que teve antes.
Ou seja, é preciso garantir que a bebida saia das diferentes fabricações sempre igual ou, pelo menos, mais parecida possível. Um grande desafio, já que pequenas alterações nas matérias-primas e no processo são muito frequentes.