Deguste o lúpulo: 5 cervejas para entender os aromas e sabores dessa matéria-prima
Principal tempero da cerveja, o aroma e sabor do lúpulo mudam de acordo com a variedade e local de plantio; confira cinco rótulos para conhecer melhor essa matéria-prima.
O lúpulo é hoje o principal tempero da cerveja. Mas nem sempre foi assim. Até a Idade Média, nossa querida bebida era condimentada com diversas ervas, especiarias, frutas e até mel. Essa plantinha só entra na receita por volta do ano 1.000 d.C. Sua principal função era agir como um conservante natural.
O Humulus lupulus é uma trepadeira típica de regiões frias e que pode crescer de cinco a nove metros de altura. Ela necessita de muita irrigação e muitas horas de luz solar para se desenvolver. Para a cerveja, são utilizadas apenas as flores das plantas femininas, que têm formato de cone.
Dentro dela há um pó amarelo chamado lupulina, que é rico em óleos essenciais e substâncias amargas que vão trazer aroma, sabor e amargor à bebida. As propriedades biostáticas do lúpulo vêm justamente dessas substâncias amargas. Elas inibem o crescimento de microrganismos, aumentando a durabilidade da cerveja.
É curioso notar também que, de acordo com a variedade e local de plantio, o aroma e sabor do lúpulo mudam. Dessa forma, podemos dizer que lúpulos europeus continentais são mais florais, assim como os britânicos são mais herbáceos e terrosos. Já os americanos, são caracterizados como frutados, cítricos e resinosos, principalmente.
Então, que tal degustar algumas cervejas para entender melhor a contribuição dos lúpulos? Selecionamos cinco rótulos que ilustram bem essas possibilidades.
1 – Frohenfeld Pils – German Pils
Os lúpulos alemães são, em geral, florais. Lembram gerânio, flores do campo, jasmim ou copo-de-leite. Esse aroma está presente na maioria das cervejas da escola alemã, ganhando destaque especialmente nas mais lupuladas, como a German Pils. O exemplar da Frohenfeld, de Curitiba (PR), é uma clássica interpretação do estilo, com muito frescor, leveza e amargor assertivo.
2 – Fuller’s ESB – Extra Special Bitter
A Fuller’s ESB foi criada em 1971 e lançou as bases do estilo Extra Special Bitter, também conhecido como Strong Bitter. Como uma boa e típica cerveja inglesa, deve usar lúpulos ingleses. No caso dela, de aromas herbais, trazendo um aspecto fresco, quase como hortelã, sobre uma base de maltes que lembra caramelo, tostado, amendoado e toffee.
3 – Old Speckled Hen – English Pale Ale
Outra variedade sensorial dos lúpulos ingleses é o terroso, que remete a chá-mate, terra molhada ou folhas secas. É bastante impactante quando usado em maiores quantidades, como o que acontece na cerveja Old Speckled Hen, da inglesa Cervejaria Morland – hoje pertencente ao grupo Green e King. Trata-se de uma English Pale Ale de final seco, bastante lupulada e frutada da fermentação, que lembra uvas-passas, além do típico toque dos maltes tostados, caramelo, toffee e amendoado.
4 – Brewdog Punk IPA – American IPA
Os lúpulos americanos são os mais comuns hoje no Brasil e trazem aspectos mais frutados, cítricos e resinosos. Em especial, o cítrico é uma marca bastante distinta, aparecendo em muitas cervejas American IPA. A Brewdog Punk IPA pertente a esse estilo, apesar de a marca ser escocesa. As principais notas são de maracujá e toranja.
5 – Dogma Chinook Lover – Double IPA
A característica resinosa dos lúpulos americanos é frequentemente descrita como pinho. Tem um aspecto que mistura uma nota amadeirada com um tom herbáceo fresco e concentrado. Pode ser encontrado em algumas variedades de origem norte-americana, como o Chinook. E foi usando apenas esse lúpulo que a Dogma (São Paulo – SP) fez a Chinook Lover, uma Double IPA Single Hop. Por isso, nela é possível sentir claramente como esse aroma é bastante singular.