As 7 cervejas mais alcoólicas do mundo
Cervejas não conseguem atingir naturalmente teores alcoólicos muito elevados. Para chegar a números mais expressivos, estes exemplares passam por um processo de destilação por congelamento.
A cervejaria Samuel Adnams, uma das pioneiras do mercado cervejeiro norte-americano, lançou em outubro a nova edição da Utopias. Com 28% de álcool, essa cerveja extrema é proibida em 25 estados dos EUA. Ela é famosa não só por ser forte, mas também pela complexidade, sendo resultado de um processo de mistura de cervejas envelhecidas em barris de diferentes bebidas, que maturaram por longos períodos com uma cerveja nova e super alcoólica. Assim chega em múltiplas camadas de aroma e sabor.
Mas você acha a Utopias é a mais alcoólica do mundo? Ela já foi, mas não é mais. Desde seu lançamento em 2001, muitas outras cervejas extremas foram lançadas. Que tal se atualizar com as sete cervejas mais alcoólicas do mundo hoje?
Como são feitas
Antes de começar nossa lista, é precisa explicar um pouco sobre como essas cervejas são produzidas. Isso interfere diretamente nos critérios adotados para dizer quais rótulos entram ou não na relação.
Cervejas não conseguem atingir naturalmente teores alcoólicos muito elevados. Isso porque a levedura, micro-organismo que faz fermentação da bebida, se intoxica com o próprio álcool que produz e morre. Para cervejas acima de 10%, são utilizadas leveduras mais resistentes. Mesmo assim, elas dificilmente passam de 14%.
Para chegar em teores ainda maiores, é preciso usar uma técnica de congelamento encontrada no estilo alemão Eisbock. Resumidamente, congela-se a cerveja e se retira a água, concentrando o álcool. Se isso for feito mutias vezes seguidas, é possível conseguir níveis realmente altos, de até 60%.
Essa lista considera cervejas feitas deste modo. Isso porque, se a cerveja for destilada como um whisky, já não é mais cerveja, certo? E se foi adicionada de álcool ou outra bebida alcoólica de outra origem, é uma mistura. Por isso, aqui consideramos apenas aquelas cujo álcool tenha sido produzido durante a própria fermentação do produto.
Algumas das marcas que se dizem as cervejas mais fortes do mundo, como a Scottish Beithir Fire (75%), e as Brewmeister Snake Venon (67,5%) e Armageddon (65%), são misturadas com álcool de outras origens e ficaram de fora do nosso ranking.
Então, sem mais demora, segue a lista:
7.° lugar — 41% — BrewDog Sink The Bismarck
Começaremos a lista com a BrewDog Sink The Bismarck, fruto da notória disputa entre as a Schorschbräu, localizada em na cidade bávara de Gunzenhausen, no Sul da Alemanha, e a Brewdog, de Ellon, na Escócia. Elas entraram em uma competição nos idos de 2009 para ver quem conseguia produzir o rótulo mais alcoólico do mundo. Naquele momento, o título era da cervejaria alemã com a Schorschbock Keramik 31%, registrada no Livro dos Recordes. Mas a Brewdog lançou Tactical Nuclear Penguin, com 32%. Logo a Schorschbräu respondeu com um novo rótulo de 40% e, na sequência, a cervejaria escocesa lançou a Sink The Bismarck com 41%.
O rótulo em questão é uma Double IPA que passou pelo processo de congelamento. O nome é uma referência a um navio alemão afundado na 2ª Guerra Mundial, numa clara provocação ao outro lado da disputa. Nesse nível de álcool, nossa querida bebida ganha características de destilados fortes, lembrando whisky, por exemplo, notas maltadas e doces, como mel. O álcool causa aquecimento e picância e nessa cerveja o lúpulo aparece de forma sutil, com notas resinosas. Vale um aviso: é algo para ser bebido em pequenas doses.
6.° lugar — 41% — De Struise Cuvée Delphine on Steroids (CDOS)
A paridade de teor alcoólico colocaria essas duas cervejas em um empate técnico. Mas o desempate veio no fator complexidade. A Cuvée Delphine on Steroids (CDOS) é o rótulo mais alcoólico da cervejaria belga De Struise. Foi feito a partir de um barril da cerveja Cuvée Delphine 2010, uma Russian Imperial Stout, que envelheceu por um ano em barris de bourbon 4 Roses antes de passar por congelamento. Depois, ficou mais 4 anos em barris do whisky escocês Arran Lochranza. Tem aromas e sabores deliciosamente maltados e de whisky.
5.° lugar — 43% — Schorschbräu Schorschbock 43%
Lembra daqueal disputa que mencionamos? Ela não acabou em 41%. Na sequência, a Schorschbräu lançou a Schorschbock 43%, que ganhou versões em garrafas de vidro e cerâmica. Quem provou, descreve como super intensa, remetendo a whisky e vinho fortificado, com notas de frutas escuras, como ameixas, e frutas secas, como tâmaras. Se algo com essa intensidade consegue manter aromas e sabores notáveis, significa é que muto bem feito.
4.° lugar — 45% — Koelschip Obilix
Mencionar aqui a Obilix da cervejaria holandesa Koelschip, de 45%, é quase um lembrete: há outras cervejarias pelo mundo que se decidam às cervejas de alto teor alcoólico — como a já mencionada De Struise. E que poderiam vir a figurar em listas como essa tranquilamente. O problema está em comprovar por análises laboratoriais a veracidade do teor alcoólico atingido. O rótulo é também uma Eisbock complexa, com notas de maltes tostados, acastanhados e de frutas secas, como ameixas secas.
3.° lugar — 55% — Brewdog The End Of Story
Voltando a disputa entre Escócia e Alemanha, um dos últimos capítulos foi escrito pela Brewdog com a The End Of Story, que tinha impressionantes 55%. Uma cerveja foi feita para chamar a atenção. E não só pelo número. Foram produzidas apenas 12 garrafas, todas “decoradas” com animais empalhados (taxidermia) e que custavam cerca de US$ 500 cada. Foram quatro arminhos, quatro esquilos e uma lebre. Muitos acharam de mal-gosto a utilização dos bichinhos. Mas é fato que algo tão chamativo assim dificilmente será esquecido. Tanto é que muitos cervejeiros ainda consideram esta a cerveja mais alcoólica do mundo. Mas ela tabém foi superada.
2.° lugar — 57% — Schorschbräu Schorschbock
Sim, os alemães responderam e, pode-se dizer, ganharam a competição com a Schorschbräu Schorschbock 57%. Sssim como a The End of Story, está cerveja também na lista das cervejas mais caras do mundo. Ambas são descritas por quem degustou como alcoólicas demais para sentir algum sabor. Mesmo assim, todas as garrafas foram vendidas.
1.° lugar — 57,86% — Brewdog e Schorschbräu Strength In Numbers
Chega de briga! Foi o que disseram os escoceses e alemães, que decidiram produzir colaborativamente a cerveja comprovadamente mais alcoólica do mundo. A Strength In Numbers foi produzida a partir de um barril da Bewdog Death or Glory, uma Belgian Strong Blond Ale de 26% que envelheceu por dez anos em barris de whisky, e da Schorschbräu Eisbock de 30%. Elas foram blendadas e depois passaram pelo processo de congelamento. O lançamento ocorreu em setembro deste ano em garrafas de 40 ml que se esgotaram no mesmo dia.
Aqui vale também uma observação. A holandesa Koelschip fez a Start The Future pouco tempo antes, que alega ter 60%. No entanto, não há uma prova do teor alcoólico atingido e como é muito próximo da Strength In Numbers, decidimos dar uma menção honrosa a ela por aqui.
E você? Qual foi a cerveja mais alcoólica que você já bebeu?
E, lembre-se, beba com moderação.