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4 Belgian Dark Strong Ales para os dias frios
Em 19/07/2023 às 11h30.

4 Belgian Dark Strong Ales para os dias frios

Cerejas deste estilo são escuras e alcoólicas, encorpadas e complexas, com aromas tostados, de frutas secas, caramelizados e levemente condimentados.

Luis Celso Jr.
Por Luis Celso Jr., cervejar.com
Jornalista e Sommelier de cerveja

Quando falamos de cervejas complexas — aquelas mais especiais entre as especiais —, alguns estilos são sempre mencionados: Barley Wine, Russian Imperial Stout, Eisbock, Wood and Barrel Aged Beer, etc. Na Bélgica, esse espaço é ocupado quase sempre pelas Belgian Dark Strong Ales, que são escuras, alcoólicas e muito complexas, ótimas para os dias frios.

No entanto, há muito pouca informação de como essas cervejas ganharam esse formato e se tornar tão idolatradas. A teoria provável é que tenham nascido dentro dos mosteiros. Alguns dizem que para atender o público do vinho e competir com ele.

O estilo Belgian Dark Strong Ale

Os monastérios foram muito importantes na história da cerveja, principalmente durante a Idade Média. Nessa época, a cerveja era a bebida do dia a dia tanto das pessoas comuns quanto dos monges. Todos faziam e consumiam suas cervejas.

Mas os religiosos eram alfabetizados e tinham acesso ao conhecimento científico produzido em eras anteriores. Foram eles que criaram e desenvolveram grande parte dos avanços científicos e tecnológicos da cerveja da época. E por isso que os monastérios foram considerados os guardiões da cultura cervejeira.

No entanto, no final do século XVII, com a Queda da Bastilha e a Revolução Francesa, teve início uma perseguição à Igreja Católica e os religiosos foram expulsos da França. Eles só conseguiram retornar às suas abadias a partir de 1830, quando a Bélgica foi criada a partir de áreas separadas da França e Holanda. Mesma época em que a Europa continental também começa a viver os impactos da industrialização.

Foi só então, com novos conhecimentos e tecnologias que melhoraram equipamentos e transformando a forma de fazer cerveja, que começaram a surgir as Dark Strong Ales. Algumas vezes como reservas especiais dos cervejeiros, outras como produtos especiais destinados à venda. Em geral, uma cerveja de cor marrom escuro, com notas de caramelo, chocolate, frutas secas, como uvas-passas, ameixas e tâmaras, além de um suave condimentado lembrando noz-moscada. Na boca, é levemente adocicada, encorpada e cremosa.

Que tal aproveitar algumas delas para se deliciar com seus sabores e esquentar agora no inverno?

St Bernardus ABT 12

Uma das mais famosas Dark Strong Ales do mundo é a Westvleteren XII, produzida na abadia trapista de Saint-Sixtus, na Bélgica. Ela foi considerada por muitos, e várias vezes, a melhor cerveja do mundo. Mas é difícil de conseguir por conta de uma produção limitada e uma venda altamente regulamentada pelos monges.

Acontece que essa cerveja já foi produzida fora do mosteiro, na Cervejaria St. Bernard, por meio de um acordo comercial que teve início em 1945. Na década de 1960, os monges autorizaram que a St. Bernard produzisse suas próprias cervejas usando a mesma receita e levedura da Westvleteren.

Ou seja, provar a St. Bernardus Abt 12 é quase como provar a mítica Westvleteren XII. Mesmo que muitos especialistas digam que há diferenças significativas, vale arriscar.

Chimay Bleue

A Abadia de Notre Dame de Scourmont foi a primeira a usar o termo trapista em seus rótulos. Essa designação só pode ser usada hoje por cervejas feitas por monastérios da Ordem Trapista, uma das várias congregações da igreja católica.

Eles acreditam que o trabalho é essencial no mosteiro como regra de convivência e como fator econômico: o mosteiro deve se sustentar com ele. Ao longo do tempo, se tornaram muito bons em elaborar diversos produtos, desde cervejas e queijos até produtos de limpeza.

A Chimay Bleue é uma deliciosa Belgian Dark Strong Ale que é relativamente fácil de achar no Brasil. Também conhecida como Chimay Blue ou Blue Cap, tem um ótimo potencial de envelhecimento na garrafa.

Ela foi criada pelos monges em para o Natal de 1948 e, depois da inauguração da cervejaria Chimay em 1954, entrou para a linha de cerejas regulares. Em 1982 ganhou uma versão rolhada em garrafas de 750 ml chamada Chimay Grand Reserve.

Trappistes Rochefort 10

Também uma cerveja Trapista, a Rochefort 10 é produzida pela Abadia de Notre-Dame de Saint-Remy, localizada na cidade de Rochefort. A cidade fica na província de Namur, na parte Sul da Bélgica, não muito distante da fronteira com a França.

A cerveja tem 11,3% de álcool é a mais intensa da linha desse monastério, que também tem a Trappistes Rochefort 8, uma Dark Strong Ale de 9,2%. Ambas ficam ótimas com queijos de fungo azul, como gorgonzola e rochefort — que apesar do nome não nasceu nesta cidade, mas em Roquefort-sur-Soulzon, na França.

Delirium Nocturnum

Nem todas as boas Dark Strong Ales são de abadia ou trapistas. A Delirium Nocturnum é um ótimo exemplar produzido pela Cervejaria Huyghe, conhecida por fazer a famosa Delirium Tremens e ser detentora da franquia de bares Delirium Café. Trata-se de uma cerveja de menor teor alcoólico em relação às demais, com “apenas” 9,5%. Mas também é saborosa e complexa, de cor marrom escura e encorpada. Uma ótima pedida!

Já experimentou o estilo? Qual sua recomendação?

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