33 cervejarias buscam o terroir da cerveja brasileira na mandioca
No país, 33 fábricas aderiram ao Projeto Manipueira que aposta em microrganismos do líquido extraído da mandioca para a fermentação de cervejas únicas.
Manipuera significa “o que brota da mandioca”, em tupi. É o líquido extraído na prensagem desse tubérculo durante a produção de farinhas e da tapioca. É tóxico quando in natura, mas pode ser utilizado após fermentado, como acontece na culinária do Norte do Brasil, em pratos como o tucupi.
Os microrganismos encontrados nesse ingrediente – que podem ser diferentes em cada região do país – estão servindo de base para cervejas que participam do Projeto Manipuera. Elas são produzidas de forma simultânea e coletiva em 33 cervejarias artesanais brasileiras. A expectativa é que cada uma das bebidas mostre características únicas, representando o terroir de cada região do país.
O projeto foi lançado oficialmente no final de agosto, em São Paulo. Ele nasceu de uma parceria entre as cervejarias Cozalinda (Florianópolis, SC) e Zalaz (Paraisópolis, MG), especialistas em fermentação selvagem e uso de barris de madeira.
A iniciativa chegou à Abracerva pelas mãos do sommelier Jayro Neto, conselheiro da entidade e vencedor do 5º Concurso Brasileiro de Sommelier, em 2019. Todo o trabalho é inspirado no cauim, bebida fermentada tradicional dos povos indígenas do Brasil.
Expectativa
Para que as características da fermentação por microrganismos apareçam ao máximo em cada cerveja, a receita deve seguir parâmetros e insumos fixos, como maltes simples e lúpulos de baixo amargor.
A ideia é que as cervejas sejam produzidas ao mesmo tempo, no início da primavera, em cada uma das fábricas e passem pelo processo de fermentação lento, em barris de madeira, típicos das cervejas selvagens. A meta é que as produções estejam no mercado após 12 meses.
“O objetivo da Abracerva é dar espaço para toda a comunidade cervejeira participar, dando mais visibilidade ao projeto, ampliando a troca de experiências e gerando novas oportunidades de negócios”, explica Jayro.
O presidente da Abracerva, Gilberto Tarantino, enfatiza a alta adesão ao projeto já nessa primeira edição. “Neste primeiro ano, já conseguimos a adesão de mais de 30 fábricas, e a tendência é crescer nas próximas edições. Nossa expectativa é, mais do que isso, aprimorar a ideia de cerveja brasileira, ou melhor, de cervejas brasileiras, já que cada cidade terá a sua própria e única cerveja.”