3 Pumpkin Beers para entender a tradição das cervejas de abóbora

Fazer cerveja nunca foi uma tarefa simples. Hoje, o desafio é inovar. Porém, às vezes, a criatividade deixa de ser uma opção e passa a ser necessidade. Isso aconteceu bastante ao longo da história da bebida e produziu resultados que duram até hoje. O lúpulo, por exemplo, foi usado perto do ano mil para conservar a cerveja por mais tempo e se tornou o “tempero” oficial da bebida até hoje.

Mas, talvez, uma das histórias mais curiosas seja a das chamadas Pumpkin Ales, cervejas feitas com abóbora. Até meados do século XVIII, quando os Estados Unidos ainda eram território britânico, havia uma grande dificuldade em se encontrar matérias-primas para se fazer cerveja.

Um pouco de história

Apesar de Nova York e algumas regiões da Costa Leste já terem atingido uma produção constante da bebida, principalmente por meio da importação de malte de cevada e lúpulo, essa situação não acontecia em todas as Treze Colônias do território. O que salvou boa parte delas da escassez de cerveja foi a abóbora.

Até o século XVI, os europeus desconheciam a existência da abóbora. Já nos Estados Unidos, ela era uma planta nativa e abundante. Não demorou muito para que os cervejeiros, que testavam outras fontes de açúcar para complementar o pouco malte que tinham, descobrissem o amido desse vegetal. Havia até receitas feitas 100% com suco de abóbora.

O fato é que ela ficou muito popular em versões misturadas, que continham tanto malte de cevada, quanto abóbora, só ficando atrás das Porters e Pale Ales. Outra associação curiosa é da época de colheita, feita no outono, justamente em outubro, quando se comemora o Halloween. Logo, a cerveja se tornou típica do Dia das Bruxas.

Muitas das receitas também procuravam reproduzir a torta de abóbora, que levava também condimentos como noz-moscada, pimenta-da-jamaica, canela, gengibre e baunilha.

As Pumpkin Beer hoje

As cervejas do estilo Pumpkin Beer de hoje podem ou não ter condimentos, mas sempre demonstram aroma e sabor de abóbora, que pode variar de sutil a intenso, de acordo com a interpretação do cervejeiro. Sua base pode ser de qualquer estilo clássico, possibilitando diferentes combinações de sabores. Confira algumas sugestões.

1 – 3 Orelhas Abróba

A interpretação da cervejaria 3 Orelhas (Gonçalves – MG) é um Pumpkin Ale sem estilo definido que leva gengibre do brejo, zimbro, cardamomo e noz-moscada. Além disso, a abóbora é assada em forno a lenha antes de ser inserida na cerveja, o que traz um dulçor inconfundível e aroma típico de doce de abóbora. Uma delícia!

2 – Zalaz Alegria da Bruxa

Nem toda a Pumpkin precisa ser Ale. Hoje o estilo Pumpkin Beer também possibilita a criação em cima de estilos Lager, de baixa fermentação. Feita pela cervejaria Zalaz (Paraisópolis – MG), a Alegria da Bruxa é assim: um Doppelbock de baixo teor alcoólico (5,7%), com adição de abóbora e um toque de cravo.

3 – Zeit Pumpkin Ale

Feita pela cervejaria Zeit (Joiville – SC), essa Pumpkin Ale foi a vencedora na sua categoria no Concurso Brasileiro da Cerveja, em 2022. Ela não tem um estilo base definido, mas leva oito tipos de malte e dois tipos de lúpulo, segundo a cervejaria, além de muita abóbora, noz-moscada, cravo, canela e pimenta-da-jamaica.